Vamos à luta pela criação do Estado do Cariri
Vou falar-lhes de algo que eu li
Uma matéria super-interessante
Uma idéia deveras importante
De criar o estado Cariri
Os motivos segundo oque ouvi
Baseiam-se no pouco investimento
Que contrasta com o desenvolvimento
Que mostrou nossa terra atualmente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento
Para isso fazer-se efetivado
É preciso que se juntem essa luta
Para em fim terminar essa conduta
De deixar sempre o cariri de lado
Feita pelo governo do estado
Sem nos dar-lhe real merecimento
Mas enfim chegou o momento
De mostrarmos à força dessa gente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento
Nosso estado seria mais unido
Um governo de expressivo porte
Sediado em juazeiro do norte
Isso é se assim fosse decidido
Mas é preciso ser intendido
Que é necessário formular argumento
E também um árduo levantamento
Para haver um cariri independente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento
O cariri é um marco de fato
Muito mais que outros lugares
Oque mostra republica dos Alencar és
Proclamada na cidade do Crato
Faz 193 anos que esse ato
Efetivou-se em torno do sentimento
De querer ver aqui o crescimento
E um povo que por si se represente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento
Haverá em maio no dia 3
O ato de defesa do cariri
E assim como eu disse aqui
Através desse apelo a vocês
Vamos ver se a luta dessa vês
Dara fim a todo esse tormento
E ira terminar com o momento
Que o Cariri for estado finalmente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento
Vamos ver se termina a opressão
Que por muito deixou-nos no escuro
Garantiremos enfim um futuro
Ser tratados com menos omissão
Esquecendo a maldita humilhação
Que sempre nos seguiu em passo lento
Daremos ao mundo conhecimento
Que o Cariri tem a vos e vês presente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento
(Antonio Wilton da Silva)
Dos 184 municípios do Ceará, pelos dados oficiais atuais do IPECE e do IBGE, os 15 mais municípios em termos de PIB somam uma riqueza de R$ 33,45 bilhões, 72,23% do Estado. Do PIB total estadual de R$ 46 bilhões, somente Fortaleza detém R$ 22,5 bilhões, quase 50%. É visível a grande concentração de riqueza na Capital do Estado. Fora da Região Metropolitana de Fortaleza, as duas maiores economias cearenses estão nos municípios de Sobral, com PIB de R$ 1,5 bilhão, e Juazeiro do Norte, com PIB de 1,1 bilhão. São dados que revelam, claramente, o tratamento diferenciado do Governo do Ceará favorável ao norte do Estado. Maior cidade do interior cearense, oficialmente com 250 mil habitantes, Juazeiro do Norte não tem sido privilegiado com investimentos do Estado. Pelo contrário, tem sido discriminado e esquecido. Quando o Governo do Ceará prejudica Juazeiro, acaba prejudicando o Cariri. Desenvolvimento de Juazeiro, hoje, maior centro comercial e industrial do interior do Estado, deve-se à sua grande força de atração de investimentos privados nacionais e estrangeiros, como Metrópole do Cariri, exercendo influência sobre 2,5 milhões de habitantes da região e de municípios vizinhos da Paraíba, Pernambuco e Piauí, operando também como portão de entrada para um mercado de 40 milhões de consumidores.
Ponto de convergência do Nordeste, recebendo 2,5 milhões de visitantes ao ano, Juazeiro, agora próximo do seu primeiro centenário, em 2011, é o único centro de romarias do mundo, fundado pelo Padre Cícero, que tem franco e acelerado desenvolvimento geral, alcançando hoje a posição de maior centro urbano, demográfico, social, político, econômico, cultural, universitário, artístico e desportivo do Nordeste central do Brasil. Embora sua economia tenha 79% de sustentação nos serviços, o setor industrial elevou significativamente sua participação nos últimos anos, a partir de 2002, atingindo atualmente quase 20%. Com mais de 6 mil estabelecimentos comerciais e mais de 500 indústrias, está atraindo mais e mais empreendimentos privados. Seu parque industrial já é um dos mais expressivos do Nordeste: calçados, couros, embalagens, joalheria, ourivesaria, máquinas, metal e reciclagem. Juazeiro é hoje o terceiro maior polo da indústria calçadista do Brasil e o principal do Norte e Nordeste. É ainda o terceiro maior polo de produtos folheados em ouro do País. Aeroporto Regional do Juazeiro, servindo a todo o Cariri, é o que mais cresce em movimento no País há quatro anos, conforme dados da Infraero.
Esse dinamismo econômico do Juazeiro tem se refletido nas exportações que aumentaram de US$ 117 mil em 2002 para US$ 18 milhões em 2006, atualmente já bem acima disso. Mas Juazeiro do Norte podia ter uma economia bem maior e mais desenvolvida e um PIB muito mais elevado se não fosse a omissão, a negligência e o desprezo do Governo do Ceará, sobretudo o atual, sob Cid Gomes, que faz altos investimentos no norte do Estado sem dar a devida e merecida atenção ao sul, ao Cariri, e especialmente ao Juazeiro, maior potência econômica regional e maior centro universitário do interior do Ceará. Enquanto os investimentos do atual Governo superam os R$ 300 milhões no norte, beneficiando principalmente Sobral, os recursos estaduais para o Cariri não chegam aos R$ 100 milhões.
Juazeiro tem crescido por sua própria força, pelo empreendedorismo do seu povo, mas, em consequência dessa política governamental discriminatória, o conjunto da região, onde as demais cidades dependem demasiadamente de recursos do Estado, tem sofrido bastante distanciando-se do desenvolvimento do Ceará. Depois de ter chegado a contribuir com 20% do PIB do Ceará, hoje o Cariri participa apenas com 6% do PIB estadual. Quem ainda salva o Cariri é Juazeiro do Norte, porque Crato, segunda maior cidade do Cariri, com 117 mil habitantes, tem um PIB de apenas R$ 500 milhões, sendo a nona economia no ranking dos 15 municípios do Ceará em valores do PIB. Diante desse quadro, resultado de nefasto modelo de desenvolvimento de sucessos governos cearenses, numa tendência histórica que praticamente exclui Juazeiro e o Cariri do progresso do Estado, só resta aos juazeirenses e caririenses assumirem com ousadia e determinação o seu próprio destino lutando, a partir de agora, pela criação do Estado do Cariri. Ao contrário do projeto histórico original de 170 anos atrás, do senador Martiniano de Alencar, que não tinha sustentação de razões sociais, demográficas, políticas, econômicas, administrativas, educativas e culturais, o anseio da atualidade tem todas essas justificativas e outras mais. Nessa época de Alencar, Fortaleza, capital, tinha apenas cerca de 15 mil habitantes, e só atingiria 19 mil habitantes em 1865, antes do primeiro censo nacional em 1872. Além dessa falha abrangente do projeto do senador Alencar, Juazeiro do Norte, que ainda não existia, era apenas um sítio com uma capelinha fundada em 1827. E o Crato de então, mesmo já sendo quase centenário, era, ao lado de Aquirás, Ico, Aracati, Monte Novo, Sobral, Granja e Quixeramobim, apenas uma pequena vila sem a mínima condição de capital. Muito ao contrário, hoje o Cariri tem Juazeiro do Norte que, além de segunda maior e mais importante cidade do interior cearense e principal do Nordeste central do Brasil, é a principal referência regional caririense em todo o Brasil e até com projeção no exterior.
Juazeiro está pronto, por méritos próprios e não por dádivas governamentais, para o exercício de capital do novo Estado do Cariri, realizando um sonho coletivo caririense derivado do sonho pessoal do revolucionário Martiniano de Alencar. Personalidade vibrante e marcante no cenário político do Século XIX no Brasil, um dos mais polêmicos e controvertidos lideres políticos da história cearense, descendente de poderosa e influente família no Cariri, filho do português José Gonçalves dos Santos e da heroína pernambucana da Revolução de 1817, Bárbara de Alencar, o senador Martiniano de Alencar, do Partido Liberal, apresentou ao Senado do Império, em 14 de agosto de 1839, um projeto polêmico criando a Província do Cariri com território abrangendo a região sul do Ceará, mais vilas e vilarejos vizinhos da Paraíba, Pernambuco e Paraíba. Ele havia sido presidente da Província do Ceará de 06 de outubro de 1834 a 25 de novembro de 1837. Mas, o projeto não prosperou e foi arquivado porque desprovido de sustentação social, política, econômica, cultural e administrativa. Na verdade, era um projeto de anseio pessoal e familiar de Martiniano Alencar. Natural de Barbalha como diácono do Seminário de Olinda e adepto dos ideais da Revolução Francesa de 1789, havia sido enviado pelos líderes da Revolução de 1817 em Pernambuco, sob o comando de Frei Caneca, para expandir o movimento no Cariri. Corajoso e audaz envolveu toda a sua família na Revolução Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador em 1824. Assim, tornou-se um dos principais líderes liberais no Ceará Mesmo sendo rico, dono de verdadeiros feudos no Vale do Cariri e com grande prestígio social, derrotado nas duas revoluções, passou a ser perseguido, politicamente, por seus adversários do vitorioso Partido Conservador. Daí a razão pessoal do seu projeto. Destituído da Presidência do Ceará em 1837, e indo morar com a família no Rio, passou a defender a divisão do Ceará e criação da Província do Cariri para ter seu território político próprio. Mas, nomeado presidente da Província do Ceará, pela segunda vez, cargo que exerceu de 20 de outubro de 1840 a 06 de abril de 1841, esqueceu o projeto. Perdeu completamente o interesse pela iniciativa tendo em vista que, se consumada, diminuiria seu poder. Depois de 1841, novamente no Rio, ainda tentou voltar ao tema, mas a ideia já estava superada porque sem força de sustentação. De qualquer forma, seu sonho pessoal de oportunidade acabou gerando e deixando adormecido um sonho libertário no povo do Cariri. Sonho que, 170 anos depois, pode ser realizado porque agora sustentado por todas as justificativas ausentes no projeto de Alencar.
E, além disso, hoje existe Juazeiro do Norte, inquestionavelmente pronto, em todos os sentidos, condições e méritos, como metrópole regional, já exercendo de fato e antecipadamente o papel de capital do futuro Estado do Cariri. Mais novo Estado brasileiro nascerá, assim, em igualdade de condições com Roraima: Juazeiro tem a mesma população e a mesma infraestrutura de Boa Vista, capital, e o Cariri quase o mesmo PIB de Roraima, R$ 3,5 bilhões. E Juazeiro, aproximando-se de 300 mil habitantes, será uma capital maior do que Palmas (180 mil habitantes), no Tocantins, ficando muito próximo, em dimensão, de Rio Branco (300 mil habitantes), capital do Acre, e de Macapá (350 mil habitantes), capital do Amapá. Portanto, que se faça a mobilização popular necessária e urgente. É melhor ser um Estado pequeno e pobre, mas, livre e independente, verdadeiro dono do seu destino. Chega de omissão, opressão, discriminação e humilhação! É chegada a hora de salvar e levantar o Cariri. É uma questão de dignidade, independência, sobrevivência e construção do futuro. Vamos à luta pelo Estado do Cariri!
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