sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Literatura de Cordel ganha título de Patrimônio Cultural Brasileiro (19-09-2018)


Pelo menos uma notícia boa
Entre tantas amargas feito fel
Nesse dia 19 de setembro
O IPHAN desempenhou seu papel
E em unanime, decisão final
Reconheceu o patrimônio nacional
Da nossa literatura de cordel

Lá no forte Copacabana
Que se deu a tal reunião
E lá foi batido o martelo
Dessa tão nobre decisão
E o nosso cordel querido
Foi enfim por eles reconhecido
Patrimônio cultural da nação

Para nós sempre foi um patrimônio
Um reflexo da nossa cultura
Tão perfeito e difícil de montar
Com severa e restrita estrutura
O jornal principal do meu sertão
Exclusivo de nossa região
Pra o caboclo a fonte mais segura

Leandro Gomes de Barros
Mestre Athayde e Patativa
E tantos outros ilustres
Dessa sina criativa
Não estão mais entre nós
Mas o cordel lhes da voz
Que continua sempre viva.

Um gênero literário
Um oficio em sua essência
Para muitos cordelistas
Fonte de subsistência
É marca do sertanejo
Pois seguiu o seu cortejo
E a sua persistência

A prova disso é que o cordel
está em todos os estados
Migrou com os retirantes
Seguiu com os flagelados
E das feiras, nos cordões
Passou para as exposições
Como um dos mais requisitados

Os temas do cordelista
Vem da sua experiência
Fala   do seu cotidiano
Da arte e da ciência
das críticas sociais
aos fatos sobrenaturais
tudo com muita eloquência

Essa arte brasileira
não se tem comparação
Esse estilo cativante
que segue rígida instrução
com uma singular estética
em que cada silaba poética
tem que estar em posição

Ligado ao cordel está
a arte dos xilogravadores
folheteiros, desenhistas
e os poetas declamadores
que mantem com muita lua
essa nossa arte matuta
de tempos anteriores

Das cantorias nas feiras
ao espaço do mundo virtual
o cordel vai resistindo ao tempo
se moldando a o tempo atual
Essa arte que tem o meu apreço
há alguns séculos teve um começo
e tenho fé que está longe seu final


Wilton Silva


sábado, 8 de setembro de 2018

Ataque a democracia (06-09-2018)













Hoje quero falar de outro tema
Peço compreensão de vocês
Não estou fazendo politicagem
E explico, em claro português
Pois o atentado contra um presidenciável
Não me permite um verso mais cortês.

Na história recente do Brasil
Nunca vi algo tão inconcebível
A tentativa de calar um candidato
É um gesto tremendo, é horrível
Pois se estamos em uma democracia
Algo assim é se quer compreensível

Um idoso de 63 anos
Apunhalado em frente a multidão
Que a mesma mesmo exacerbara
Irritada e em grande comoção
Capturou o sujeito agressor
Fez o certo   e o levou para prisão

Mas então veio a repercussão
De milhares de seus apoiadores
Parabenizando pela agressão
Muitos deles até são professores
Torcendo pela morte do agredido
E conclamando pra vir mais agressores.

Vi o cumulo de gente “de bem”
A dizer que aquilo foi forjado
Que hemorragia interna é pra fora
Que foi golpe contra o eleitorado
Que foi plano do próprio candidato
Ir quase morto, para ser operado.

Quem diz que a vítima nunca tem culpa
Mudou discurso e disse: Ele mereceu
Quem defende amor e pacifismo
Se lamenta por que não faleceu
De ameaças veladas a explicitas
Todo o espaço virtual se encheu.

Independente de quem seja o candidato
Seu discurso ou a sua conduta
Não se pode tolerar tal atitude
Como meio de se resolver a disputa
Nós estamos em uma democracia
Liberdade é palavra que a ela imputa.

É um homem, um pai e um marido
Tem família e muitos a seu lado
Defender que merece ser agredido
Que precisa ser assassinado
É mostrar o pior mau-caratismo
Que se quer pode ser imaginado

Tal pensamento tenho por qualquer um
Todos eles merecem total respeito
Cada um representa uma parcela
Desse imenso estado de direito
Não entendo como existe ser humano
Que vê isso, sorri e diz: Bem feito.

 Wilton Silva




segunda-feira, 3 de setembro de 2018

o mundo contado em versos: A HISTÓRIA VIROU CINZAS (02-09-2018) Museu Nacion...

o mundo contado em versos: A HISTÓRIA VIROU CINZAS (02-09-2018) Museu Nacion...: Aqui passo a contar nessas estrofes Algo que é de partir o coração Pois na noite desse 02 de setembro Ocorreu algo sem explicaçã...

A HISTÓRIA VIROU CINZAS (02-09-2018) Museu Nacional do Rio de Janeiro.



Aqui passo a contar nessas estrofes
Algo que é de partir o coração
Pois na noite desse 02 de setembro
Ocorreu algo sem explicação
Houve um grande golpe a nossa história
Foi ao fogo 200 de memória
Do passado dessa nossa nação

No palácio criado por Dom João
Um acervo tremendo residia
Desde múmias trazidas do Egito
Até mesmo a cabeça de Luzia
Peças lá tinham uns 20 milhões
Invejadas por várias nações
Acervo que só o Brasil “possuía”

O palácio que foi morada
Da família imperial
Fez da quinta da Boa vista
Referência mundial
Lá se não estou enganado
O decreto foi assinado
Da independência nacional

Acervo antropológico
Maior e mais importante
Da memória do nosso índio
Foi ferramenta gritante
E muito desse legado
Pelo fogo foi tragado
E sucumbiu num instante

Arquivo que virou pó
Até meteoros tinha
Uma enorme biblioteca
Com arquivos de toda linha
O espólio apresentado
Muito diversificado
De tanto lugar provinha

Esqueletos de dinossauros
até múmias latinas
Obras gregas e etruscas
Peças raras, genuínas
Perdidas não pelo acaso
Mas sim pelo descaso
E atitudes cretinas

Dizem: Queimou se o trono do Daomé
E O primeiro “Os lusíadas “
Primeiro livro impresso
Esteve entre as obras queimadas
Queimaram-se livros sagrados
Até sarcófagos fechados
Deles ficou quase nada

Estão dizendo que a Lei Áurea
A carta da libertação
Também foi incinerada
Nessa triste ocasião
Queimou-se mais um legado
De um povo que escravizado
Nunca deixou de ser não

Nossa cultura tremenda
Que o mundo vê e se encanta
Tanta arte, tanta música
Tanto bicho, tanta planta
Mas se olham quem nos governa
O mundo então se consterna
Se entristece é se espanta

Símbolo da nossa história
Patrimônio da nossa gente
Entregue a fúria do fogo
Enquanto assiste impotente
Um país que a essa altura
Perde mais sua cultura
De uma forma inconsciente

a mais antiga instituição
cientifica do Brasil
um legado para a história
dessa pátria mãe gentil
foi aos poucos, abandonado
e pelo governo ignorado
de um jeito nada sutil

No dia do aniversário
dessa grande instituição
Nem mesmo um ministro de estado
Foi a comemoração
Nossa triste classe politica
Mostrou mais que é paralitica
No quesito educação

As verbas não sendo pagas
os cortes no orçamento
os recursos atrasados
levaram a esse momento
assim foi o próprio estado
o principal culpado
desse triste acontecimento

Recursos foram espalhados
Com tanta futilidade
Dinheiro público aos montes
Pra tanta celebridade
Por conta desse alento
Foi para o esquecimento
Obras da posteridade

Segundo consta o museu
Penava a tantos dias
No dia desse incêndio
Só tinha 4 vigias
Sem recurso ou condição
Pra sua manutenção
Tinha poucas garantias

Segundos os próprios bombeiros
Nem água tinha nos hidrantes
Tiveram de dessocorrer-se
De locais já mais distantes
Assim as chamas cresciam
E a tudo consumiam
Sempre mais abundantes

a hipocrisia reina solta
Quando vejo um miserável
Falar sobre o prejuízo
E dizer que é irreparável
Eu queria ver dizer
Ao menos reconhecer
Que também foi responsável

Assim a nossa história
A ciência e a educação
Sofreram mais um duro golpe
O qual sem reparação
Perdeu-se o nosso passado
Que jamais será vislumbrado
Pela próxima geração.


Wilton Silva