segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O ESTADO DO CARIRI

Vamos à luta pela criação do Estado do Cariri

Vou falar-lhes de algo que eu li
Uma matéria super-interessante
Uma idéia deveras importante
De criar o estado Cariri
Os motivos segundo oque ouvi
Baseiam-se no pouco investimento
Que contrasta com o desenvolvimento
Que mostrou nossa terra atualmente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento

Para isso fazer-se efetivado
É preciso que se juntem essa luta
Para em fim terminar essa conduta
De deixar sempre o cariri de lado
Feita pelo governo do estado
Sem nos dar-lhe real merecimento
Mas enfim chegou o momento
De mostrarmos à força dessa gente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento

Nosso estado seria mais unido
Um governo de expressivo porte
Sediado em juazeiro do norte
Isso é se assim fosse decidido
Mas é preciso ser intendido
Que é necessário formular argumento
E também um árduo levantamento
Para haver um cariri independente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento

O cariri é um marco de fato
Muito mais que outros lugares
Oque mostra republica dos Alencar és
Proclamada na cidade do Crato
Faz 193 anos que esse ato
Efetivou-se em torno do sentimento
De querer ver aqui o crescimento
E um povo que por si se represente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento


Haverá em maio no dia 3
O ato de defesa do cariri
E assim como eu disse aqui
Através desse apelo a vocês
Vamos ver se a luta dessa vês
Dara fim a todo esse tormento
E ira terminar com o momento
Que o Cariri for estado finalmente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento


Vamos ver se termina a opressão
Que por muito deixou-nos no escuro
Garantiremos enfim um futuro
Ser tratados com menos omissão
Esquecendo a maldita humilhação
Que sempre nos seguiu em passo lento
Daremos ao mundo conhecimento
Que o Cariri tem a vos e vês presente
Se a capital quer ficar indiferente
Lutaremos pelo reconhecimento

(Antonio Wilton da Silva)

Dos 184 municípios do Ceará, pelos dados oficiais atuais do IPECE e do IBGE, os 15 mais municípios em termos de PIB somam uma riqueza de R$ 33,45 bilhões, 72,23% do Estado. Do PIB total estadual de R$ 46 bilhões, somente Fortaleza detém R$ 22,5 bilhões, quase 50%. É visível a grande concentração de riqueza na Capital do Estado. Fora da Região Metropolitana de Fortaleza, as duas maiores economias cearenses estão nos municípios de Sobral, com PIB de R$ 1,5 bilhão, e Juazeiro do Norte, com PIB de 1,1 bilhão. São dados que revelam, claramente, o tratamento diferenciado do Governo do Ceará favorável ao norte do Estado. Maior cidade do interior cearense, oficialmente com 250 mil habitantes, Juazeiro do Norte não tem sido privilegiado com investimentos do Estado. Pelo contrário, tem sido discriminado e esquecido. Quando o Governo do Ceará prejudica Juazeiro, acaba prejudicando o Cariri. Desenvolvimento de Juazeiro, hoje, maior centro comercial e industrial do interior do Estado, deve-se à sua grande força de atração de investimentos privados nacionais e estrangeiros, como Metrópole do Cariri, exercendo influência sobre 2,5 milhões de habitantes da região e de municípios vizinhos da Paraíba, Pernambuco e Piauí, operando também como portão de entrada para um mercado de 40 milhões de consumidores.

Ponto de convergência do Nordeste, recebendo 2,5 milhões de visitantes ao ano, Juazeiro, agora próximo do seu primeiro centenário, em 2011, é o único centro de romarias do mundo, fundado pelo Padre Cícero, que tem franco e acelerado desenvolvimento geral, alcançando hoje a posição de maior centro urbano, demográfico, social, político, econômico, cultural, universitário, artístico e desportivo do Nordeste central do Brasil. Embora sua economia tenha 79% de sustentação nos serviços, o setor industrial elevou significativamente sua participação nos últimos anos, a partir de 2002, atingindo atualmente quase 20%. Com mais de 6 mil estabelecimentos comerciais e mais de 500 indústrias, está atraindo mais e mais empreendimentos privados. Seu parque industrial já é um dos mais expressivos do Nordeste: calçados, couros, embalagens, joalheria, ourivesaria, máquinas, metal e reciclagem. Juazeiro é hoje o terceiro maior polo da indústria calçadista do Brasil e o principal do Norte e Nordeste. É ainda o terceiro maior polo de produtos folheados em ouro do País. Aeroporto Regional do Juazeiro, servindo a todo o Cariri, é o que mais cresce em movimento no País há quatro anos, conforme dados da Infraero.

Esse dinamismo econômico do Juazeiro tem se refletido nas exportações que aumentaram de US$ 117 mil em 2002 para US$ 18 milhões em 2006, atualmente já bem acima disso. Mas Juazeiro do Norte podia ter uma economia bem maior e mais desenvolvida e um PIB muito mais elevado se não fosse a omissão, a negligência e o desprezo do Governo do Ceará, sobretudo o atual, sob Cid Gomes, que faz altos investimentos no norte do Estado sem dar a devida e merecida atenção ao sul, ao Cariri, e especialmente ao Juazeiro, maior potência econômica regional e maior centro universitário do interior do Ceará. Enquanto os investimentos do atual Governo superam os R$ 300 milhões no norte, beneficiando principalmente Sobral, os recursos estaduais para o Cariri não chegam aos R$ 100 milhões.

Juazeiro tem crescido por sua própria força, pelo empreendedorismo do seu povo, mas, em consequência dessa política governamental discriminatória, o conjunto da região, onde as demais cidades dependem demasiadamente de recursos do Estado, tem sofrido bastante distanciando-se do desenvolvimento do Ceará. Depois de ter chegado a contribuir com 20% do PIB do Ceará, hoje o Cariri participa apenas com 6% do PIB estadual. Quem ainda salva o Cariri é Juazeiro do Norte, porque Crato, segunda maior cidade do Cariri, com 117 mil habitantes, tem um PIB de apenas R$ 500 milhões, sendo a nona economia no ranking dos 15 municípios do Ceará em valores do PIB. Diante desse quadro, resultado de nefasto modelo de desenvolvimento de sucessos governos cearenses, numa tendência histórica que praticamente exclui Juazeiro e o Cariri do progresso do Estado, só resta aos juazeirenses e caririenses assumirem com ousadia e determinação o seu próprio destino lutando, a partir de agora, pela criação do Estado do Cariri. Ao contrário do projeto histórico original de 170 anos atrás, do senador Martiniano de Alencar, que não tinha sustentação de razões sociais, demográficas, políticas, econômicas, administrativas, educativas e culturais, o anseio da atualidade tem todas essas justificativas e outras mais. Nessa época de Alencar, Fortaleza, capital, tinha apenas cerca de 15 mil habitantes, e só atingiria 19 mil habitantes em 1865, antes do primeiro censo nacional em 1872. Além dessa falha abrangente do projeto do senador Alencar, Juazeiro do Norte, que ainda não existia, era apenas um sítio com uma capelinha fundada em 1827. E o Crato de então, mesmo já sendo quase centenário, era, ao lado de Aquirás, Ico, Aracati, Monte Novo, Sobral, Granja e Quixeramobim, apenas uma pequena vila sem a mínima condição de capital. Muito ao contrário, hoje o Cariri tem Juazeiro do Norte que, além de segunda maior e mais importante cidade do interior cearense e principal do Nordeste central do Brasil, é a principal referência regional caririense em todo o Brasil e até com projeção no exterior.

Juazeiro está pronto, por méritos próprios e não por dádivas governamentais, para o exercício de capital do novo Estado do Cariri, realizando um sonho coletivo caririense derivado do sonho pessoal do revolucionário Martiniano de Alencar. Personalidade vibrante e marcante no cenário político do Século XIX no Brasil, um dos mais polêmicos e controvertidos lideres políticos da história cearense, descendente de poderosa e influente família no Cariri, filho do português José Gonçalves dos Santos e da heroína pernambucana da Revolução de 1817, Bárbara de Alencar, o senador Martiniano de Alencar, do Partido Liberal, apresentou ao Senado do Império, em 14 de agosto de 1839, um projeto polêmico criando a Província do Cariri com território abrangendo a região sul do Ceará, mais vilas e vilarejos vizinhos da Paraíba, Pernambuco e Paraíba. Ele havia sido presidente da Província do Ceará de 06 de outubro de 1834 a 25 de novembro de 1837. Mas, o projeto não prosperou e foi arquivado porque desprovido de sustentação social, política, econômica, cultural e administrativa. Na verdade, era um projeto de anseio pessoal e familiar de Martiniano Alencar. Natural de Barbalha como diácono do Seminário de Olinda e adepto dos ideais da Revolução Francesa de 1789, havia sido enviado pelos líderes da Revolução de 1817 em Pernambuco, sob o comando de Frei Caneca, para expandir o movimento no Cariri. Corajoso e audaz envolveu toda a sua família na Revolução Pernambucana de 1817 e na Confederação do Equador em 1824. Assim, tornou-se um dos principais líderes liberais no Ceará Mesmo sendo rico, dono de verdadeiros feudos no Vale do Cariri e com grande prestígio social, derrotado nas duas revoluções, passou a ser perseguido, politicamente, por seus adversários do vitorioso Partido Conservador. Daí a razão pessoal do seu projeto. Destituído da Presidência do Ceará em 1837, e indo morar com a família no Rio, passou a defender a divisão do Ceará e criação da Província do Cariri para ter seu território político próprio. Mas, nomeado presidente da Província do Ceará, pela segunda vez, cargo que exerceu de 20 de outubro de 1840 a 06 de abril de 1841, esqueceu o projeto. Perdeu completamente o interesse pela iniciativa tendo em vista que, se consumada, diminuiria seu poder. Depois de 1841, novamente no Rio, ainda tentou voltar ao tema, mas a ideia já estava superada porque sem força de sustentação. De qualquer forma, seu sonho pessoal de oportunidade acabou gerando e deixando adormecido um sonho libertário no povo do Cariri. Sonho que, 170 anos depois, pode ser realizado porque agora sustentado por todas as justificativas ausentes no projeto de Alencar.

E, além disso, hoje existe Juazeiro do Norte, inquestionavelmente pronto, em todos os sentidos, condições e méritos, como metrópole regional, já exercendo de fato e antecipadamente o papel de capital do futuro Estado do Cariri. Mais novo Estado brasileiro nascerá, assim, em igualdade de condições com Roraima: Juazeiro tem a mesma população e a mesma infraestrutura de Boa Vista, capital, e o Cariri quase o mesmo PIB de Roraima, R$ 3,5 bilhões. E Juazeiro, aproximando-se de 300 mil habitantes, será uma capital maior do que Palmas (180 mil habitantes), no Tocantins, ficando muito próximo, em dimensão, de Rio Branco (300 mil habitantes), capital do Acre, e de Macapá (350 mil habitantes), capital do Amapá. Portanto, que se faça a mobilização popular necessária e urgente. É melhor ser um Estado pequeno e pobre, mas, livre e independente, verdadeiro dono do seu destino. Chega de omissão, opressão, discriminação e humilhação! É chegada a hora de salvar e levantar o Cariri. É uma questão de dignidade, independência, sobrevivência e construção do futuro. Vamos à luta pelo Estado do Cariri!

sábado, 25 de dezembro de 2010

feliz 2011


VOTOS DE FIM DE ANO

Hoje é natal, chegou é fim de ano.
Digo sem engano será um bom o ano-novo
Muitas alegrias nesse ano passadas
Serão relembradas pelo nosso povo

Agradeço a Deus por esse momento
Tanto sentimento de fé e amizade
Desejo a vocês no ano vindouro
O maior tesouro, a felicidade.

Se 2010 foi tão proveitoso
Fasso um desejoso voto outra vês
Que 2011 sejam só maravilhas
Para suas famílias e para vocês



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

poesia popular


O que é literatura de cordel
Literatura de Cordel é, como qualquer outra forma artística, uma manifestação cultural. Por meio da escrita são transmitidas as cantigas, os poemas e as histórias do povo — pelo próprio povo.
O nome de Cordel teve origem em Portugal, onde os livretos, antigamente, eram expostos em barbantes, como roupas no varal.

Origens da literatura de cordel
As primeiras manifestações da literatura popular no ocidente ocorreram por volta do século XII. Peregrinos encontravam-se no sul da França, em direção à Palestina; no norte da Itália, para chegar à Roma; e ainda na Galícia, no santuário de Santiago.
Nesses encontros eram transmitidas as histórias e compostos os primeiros versos, de forma muito primitiva.
O que interessa para nós é que foi dessa forma que surgiram os primeiros núcleos de cultura regional que espalharam-se pela Europa e, posteriormente, pela América.
A literatura de cordel no Brasil
Devido ao atraso da chegada da imprensa por aqui e seu acesso pelo público, as produções literárias de populares tiveram seu apogeu apenas no século XX.
Nossa literatura de cordel é caracterizada, principalmente, pela poesia popular. A prosa aparece muito mais na forma oral, que passa de geração para geração.
Como é uma manifestação muito mais cultural do que intelectual, destaca-se em regiões onde a cultura é mais valorizada e delineada. Aqui no Brasil essas regiões são a Nordeste e a Sul.
Grandes autores da poesia popular brasileira
Centenas, talvez milhares de autores poderiam ser listados aqui, mas vou falar dos três mais conhecidos.
Leandro Gomes de Barros
Foi o mais importante e mais famoso autor da literatura de cordel brasileira. Seu livreto “O Cachorro dos mortos” vendeu mais de um milhão de exemplares.
João Martins de Athayde
Autor popular que mais produziu. Comprou os direitos autorais de Leandro Gomes de Barros quando da sua morte, passando a editar também seus poemas.
Cuíca de Santo Amaro
O mais terrível poeta popular. Fazia denúncias contra corruptos e poderosos de sua época. Era amigo íntimo de Jorge Amado, que o incluiu como personagem em seus Tereza Batista, Cansada de Guerra e no conto A morte de Quincas Berro D’água.
ALGUMAS CARACTERISTICAS


  • Renomados autores da Literatura de Cordel
  • Alfredo Pessoa de Lima
  • Antonio Marinho
  • Apolônio Alves dos Santos
  • Arievaldo Viana Lima
  • Cacá Lopes
  • Carneiro Portela
  • Cego Aderaldo
  • Chico Caldas
  • Chico Salles
  • Cicero Vieira da Silva
  • Coronel Neco Martins
  • Conceição Gomes
  • Constatino Cartaxo
  • Firmino Teixeira do Amaral
  • Francisco Sales Areda
  • Franklin Maxado
  • Gonçalo Ferreira da Silva
  • Gustavo Dourado
  • Ignácio da Catingueira
  • Joaquim Batista de Sena
  • João Cesário Barbosa
  • João Firmino Cabral
  • João Gomes Sobrinho[Xéxéu]
  • João José da Silva
  • João Martins de Athayde
  • José Bernardo da Silva
  • José Camelo de Melo
  • José Costa Leite
  • José Francisco Borges
  • José João dos Santos (Mestre Azulão)
  • José Luís[Zé Pequeno]
  • José Pacheco
  • Jotabarros
  • Leandro Gomes de Barros
  • Lourival Batista, o Louro do Pajeú
  • Manoel de Almeida Filho
  • Manoel Camilo dos Santos
  • Manoel Monteiro
  • Negra Chica Barbosa
  • Orlando Tejo
  • Patativa do Assaré
  • Pedro Bandeira
  • Pinto de Monteiro
  • Raimundo Santa Helena
  • Romano da Mãe Dágua
  • Rubenio Marcelo
  • Sá de João Pessoa
  • Severino Milanês da Silva
  • Silvino Pirauá de Lima
  • Teo Azevedo
  • Wilson Freire
  • Zé Limeira
  • Zé Praxedes
  • Zé da Luz
Obras consagradas da literatura de cordel
  • A Cabocla Encalhada - Mestre Azulão
  • A chegada de Lampião no Inferno - José Pacheco da Rocha
  • A Peleja de Cego Aderaldo e Zé Pretinho - Firmino Teixeira do Amaral
  • A vida do Padre Cícero - Manoel Monteiro
  • As receitas do Dr. Prodocopéia" - Jotabarros
  • Côco Verde e Melancia - José Camelo
  • Iracema - Alfredo Pessoa de Lima
  • Os Cabras de Lampião - Manoel D'Almeida Filho
  • Pavão Misterioso - José Camelo de Melo
  • Romeu e Julieta - João Martins Athayde
  • O Soldado Jogador - Leandro Gomes de Barros
  • Senhor dos Anéis - Gonçalo Ferreira da Silva
  • Viagem a São Saruê - Manoel Camilo dos Santos
ALGUMAS PUBLICAÇÕES:

O brasileiro tem o sangue africano


Através desses meus pequenos versos
 Que começo essa grande história
A qual se não me falha a memoria
Foi criada, sem ordens nem progressos.
E os temas aqui por mim expressos
Não se sujeitam ao erro ou engano
Mas não falo desse solo americano
Porem falo de outro continente
Ressaltando orgulhosamente
Que o brasileiro tem o sangue africano


E é sobre a história africana
Que daremos toda a nossa atenção
Um tema de tanta repercussão
Que não da pra se ver numa semana
La que a, ciência quase profana.
Diz que surgiu certamente o ser humano
Não questiono, pra não entrar pelo cano.
Pôs só Deus sabe, de onde surgiu a gente.
Mas ressalto orgulhosamente
Que o brasileiro tem o sangue africano


África dos belíssimos leões
Dos quatis e também dos elefantes
Foi também África dos traficantes
Homens maus e suas expedições
Que levavam dentro de seus porões
Muita gente até  por baixo do pano
Pra lugares como o solo americano
Aportando num pais novo e crescente
E graças a esse fato simplesmente
O brasileiro tem o sangue africano


E assim o negro veio ao Brasil
Trazendo sua cor e sua crença
E claro que com a sua presença
Surgirão movimentos mais de 1000
E assim o escravo que surgiu
Pra servir de um jeito inumano
Sofrera preconceito e desengano
Ante uma maldade, sem precedente.
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano


Vale lembrar que em nosso pais
O escravo foi de enorme valia
Em seus ombros cresceu a economia
E mesmo assim vivia muito infeliz
Almejando o que ele sempre quis
Libertar-se desse mal cotidiano
Desse povo que se acha soberano
E que é simplesmente diferente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Porem mesmo a margem da sociedade
O negro garantiu a sua crença
Essa era maior do que se pensa
Pôs se tinha escravo em toda cidade
Havia negro pra toda atividade
Desde o da roça até escravo urbano
Do nordeste ao chapadão alagoano
O escravo estava sempre à frente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Ele foi vitima de preconceito
No sentido, de ser um objeto.
Não detinha direito, nem afeto.
Não era dono, de nada de seu feito.
Também não era nem um pouco aceito
O seu culto, considerado profano.
Seu viver sempre tido por mundano
Julgado tanto, e erradamente.
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Ele não resistiu passivamente
Essa frase é deveras verdadeira
Pra tanto se inventou a capoeira
Uma forma de luta diferente
Os quilombos surgiram mais a frente
Pra fugir do patrão tão leviano
Os negros, dentre eles um veterano.
Zumbi, que confiavam cegamente.
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Deste esforço assim nasceu palmares
Uma saída ao negro fugitivo
E zumbi enquanto esteve vivo
Lutou para, proteger os seus pares.
Outros tentaram o mesmo em mais lugares
Que resistiram aluta ano após ano
Mas palmares do rincão pernambucano
Destacou-se, até seu fim iminente.
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

O tempo passa e o mundo esta mudado
E o Brasil ainda do mesmo jeito
O negro escravo, e sem efeito.
Vive mal, precisa ser ajudado.
Mas porem o abolicionismo esperado
Estende-se num período sobre-humano
 Mas 1888 foi o ano
Que a escravidão liquidou-se finalmente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Entra a republica e tem fim o império
Cai regime e outro se firmando
Porem a situação não vai mudando
E ocaso do negro é muito serio
O governo adotando outro critério
Muda o negro de escravo a suburbano
E esse novo regime republicano
Menospreza o negro novamente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano

Porem essa história que foi triste
Esse relato de um tempo tão cruel
Modelou o negro e seu papel
De herói construtor desse  pais
Que carrega na cor a cicatriz
De séculos de um sofrer inumano
Onde de lutas é um veterano
Mas se ergue de pé valentemente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano


Não importa aposição em que esteja
A cor que possuir, ou sua crença.
Independente, da diferença.
O estado em que está ou sua igreja
Não importa de que time seja
Se é da capital, ou interiorano.
Desde o Cearense ao paulistano
Nossa história iguala toda gente
Por isso, ressalto orgulhosamente.
Que o brasileiro tem o sangue africano


AUTOR: Antônio Wilton da Silva
MODALIDADES DA CANTORIA DE REPENTE:


Seguem algumas modalidades deste rico universo da poesia popular rimada e metrificada. Vale lembrar que são mais de 50 modalidades catalogadas. Seguem alguns exemplos:
Considere: "X" versos livres e "A", "B", "C" e "D" versos que rimam entre si.
Sextilha (7 sílabas. Posição das rimas: XAXAXA)
“Eu aqui tenho vontade
De fazer profundo estudo
Despertar a Charles Chaplim
Gênio do Cinema Mudo
Não dizia uma palavra
E o povo entendia tudo” (Daudeth Bandeira, repentista, cantado os gênios da humanidade)
------
Sempre tenha preferência
Por produtos mais duráveis
Sempre que possível evite
Os produtos descartáveis
Valorize e divulgue
As empresas responsáveis. (do livro “Aquecimento Global não dá rima com legal”  Ed. Moderna)
----Uma sextilha com diálogos...
- Mas manhê, eu falo sério
Eu prometo, vou cuidar.
- Olha o ovo em que moramos
Não é pra um bicho ficar!
Eu trabalho o dia todo
E não tenho tempo, Oscar. (do livro "O Cachorro do menino" - Ed. Moderna)


Setilha- (7 sílabas. Posição das rimas: XAXABBA)
“Os seus filhos são heróis
Nesse solo abençoado
Onde Leandro fez verso
E nasceu Celso Furtado
Aqui eu fiquei hilário
Com a festa do Rosário
Que é a melhor do estado.” (Severino Feitosa, repentista, cantando as maravilhas da cidade de Pombal)
-----
"O leitor vira ouvinte
O escritor, menestrel
O ouvido vira voz
Neste eterno carrossel
Pois apresento agora
Com carinho e sem demora
Minhas Rimas de Cordel" (do livro "Minhas Rimas de Cordel"- Ed. Moderna)

-----
E o que causa a emissão
Desses gases violentos?
As queimadas das florestas
Que só causam sofrimentos
As indústrias e os veículos
Somos mesmo tão ridículos
Poluindo nossos ventos. (do livro “Aquecimento Global não dá rima com legal”  Ed. Moderna)

Oitava (7 sílabas. Posição das rimas: XAABXCCB)
Não nos resta a menor dúvida
De que estamos aquecidos
Pelos gases emitidos
De uma forma tão insana
Que aumenta o efeito estufa
E qual é o resultado?
O planeta é abafado
Por ações da mão humana. (do livro “Aquecimento Global não dá rima com legal”  Ed. Moderna)
Oitava (7 sílabas. Posição das rimas: AAABBCCB)
Os aterros e lixões
Já não têm mais condições
Pois recebem caminhões
Com caçambas carregadas 
Sem somar as toneladas
Repetimos velhos erros
E lotamos os aterros
Esperanças enterradas. (do livro “Aquecimento Global não dá rima com legal”  Ed. Moderna)
Desafio em mourão (7 sílabas. A posição das rimas: XAXABBA)
Poeta A:
Vou pegar o cantador
Que sentou-se do meu lado
Poeta B:
Mas você não tem valor
Pra fazer improvisado
Poeta A:
Você não dá pra cantar
É melhor aposentar
E voltar para o roçado.
Décima com mote em sete sílabas (Posição das rimas: ABBAACCDDC)
mote: Vou mostrar para vocês
Como é o mote em sete
Já cantei o bom martelo
Já cantei muitas sextilhas
Já falei de maravilhas
De princesas e castelo
Fabriquei um bom duelo
Publiquei na internet
Minha rima não repete
Porque tenho rapidez
Vou mostrar para vocês
Como é o mote em sete



Outro exemplo, mote de uma linha:
Se o planeta é ameaçado
Pelo homem é agredido
Nosso ar é poluído
Respirar é complicado
Até água, o bem sagrado
Vai findar, não vamos ter
O que nós vamos beber
Sem ter água bem potável?
Sem ter lixo reciclável?
O futuro, o que vai ser?
(do livro "Vida Rima com Cordel" - Ed. Salesiana)


Décima sem mote
Esse mito bem rimado
Vem lá do sul do país
Desse escravo infeliz
E o patrão muito malvado
Com seu filho lado a lado
Judiava do negrinho
Mesmo sendo um rapazinho
Mais que adulto trabalhava
Por qualquer coisa apanhava
Mas chorava caladinho. (do livro "Mitos Brasileiros em cordel" - Ed. Salesiana)
Martelo

O cordel é também literatura
Que nasceu no Nordeste brasileiro
Bem rimada e falada o tempo inteiro
O retrato perfeito da cultura
Sua capa é feita em xilogravura
Bem talhada num taco de madeira
O folheto dá a forma verdadeira
Às histórias que sempre são impressas 
Com cordel o poeta junta as peças 
Pra fazer coisa séria e brincadeira. (do livro "Mitos Brasileiros em cordel" - Ed. Salesiana)

Martelo alagoano (10 sílabas, 10 versos. Posição das rimas: ABBAACCDDC.).
A toada eu acho tão bonita
Ritmada e também muito gostosa
De maneira perfeita e caprichosa
Quando canto o meu peito se agita
A minha alma que vibra e só palpita
Por que gosto do jeito soberano (sempre rima em "ano")
Sou poeta perfeito e veterano (sempre rima em "ano")
Que nasci pra fazer o improviso
Tirar verso da mente e do juízo
E lá vão dez de martelo alagoano. (essa última linha, obrigatoriamente terminará em "alagoano", mas o texto pode ser "E tome dez de martelo alagoano").


Galope à beira mar
"Eu acho engraçado um poeta de praça
Que passa dois meses fazendo um quarteto
Com um ano de luta, é que finda um soneto
Depois que termina, ainda sem graça
Com tinta e papel, o esboço ele traça
Contando nos dedos pra metrificar
Que noites de sono ele perde a pensar
A fim de mostrar tão minguado produto
Pois desses, eu faço, dois, três, num minuto
Cantando galope na beira do mar.”.

Posição das rimas: ABBAACCDDC. Nesta modalidade o último verso deve terminar com a frase “Beira do mar” Ou “Beira mar” (autor: Dimas Batista. Interessante notar o pensamento do poeta improvisador, frente ao que escreve).

outras modalidades


coqueiro da bahia

Boi da cajarana

quadrão perguntado