segunda-feira, 3 de setembro de 2018

A HISTÓRIA VIROU CINZAS (02-09-2018) Museu Nacional do Rio de Janeiro.



Aqui passo a contar nessas estrofes
Algo que é de partir o coração
Pois na noite desse 02 de setembro
Ocorreu algo sem explicação
Houve um grande golpe a nossa história
Foi ao fogo 200 de memória
Do passado dessa nossa nação

No palácio criado por Dom João
Um acervo tremendo residia
Desde múmias trazidas do Egito
Até mesmo a cabeça de Luzia
Peças lá tinham uns 20 milhões
Invejadas por várias nações
Acervo que só o Brasil “possuía”

O palácio que foi morada
Da família imperial
Fez da quinta da Boa vista
Referência mundial
Lá se não estou enganado
O decreto foi assinado
Da independência nacional

Acervo antropológico
Maior e mais importante
Da memória do nosso índio
Foi ferramenta gritante
E muito desse legado
Pelo fogo foi tragado
E sucumbiu num instante

Arquivo que virou pó
Até meteoros tinha
Uma enorme biblioteca
Com arquivos de toda linha
O espólio apresentado
Muito diversificado
De tanto lugar provinha

Esqueletos de dinossauros
até múmias latinas
Obras gregas e etruscas
Peças raras, genuínas
Perdidas não pelo acaso
Mas sim pelo descaso
E atitudes cretinas

Dizem: Queimou se o trono do Daomé
E O primeiro “Os lusíadas “
Primeiro livro impresso
Esteve entre as obras queimadas
Queimaram-se livros sagrados
Até sarcófagos fechados
Deles ficou quase nada

Estão dizendo que a Lei Áurea
A carta da libertação
Também foi incinerada
Nessa triste ocasião
Queimou-se mais um legado
De um povo que escravizado
Nunca deixou de ser não

Nossa cultura tremenda
Que o mundo vê e se encanta
Tanta arte, tanta música
Tanto bicho, tanta planta
Mas se olham quem nos governa
O mundo então se consterna
Se entristece é se espanta

Símbolo da nossa história
Patrimônio da nossa gente
Entregue a fúria do fogo
Enquanto assiste impotente
Um país que a essa altura
Perde mais sua cultura
De uma forma inconsciente

a mais antiga instituição
cientifica do Brasil
um legado para a história
dessa pátria mãe gentil
foi aos poucos, abandonado
e pelo governo ignorado
de um jeito nada sutil

No dia do aniversário
dessa grande instituição
Nem mesmo um ministro de estado
Foi a comemoração
Nossa triste classe politica
Mostrou mais que é paralitica
No quesito educação

As verbas não sendo pagas
os cortes no orçamento
os recursos atrasados
levaram a esse momento
assim foi o próprio estado
o principal culpado
desse triste acontecimento

Recursos foram espalhados
Com tanta futilidade
Dinheiro público aos montes
Pra tanta celebridade
Por conta desse alento
Foi para o esquecimento
Obras da posteridade

Segundo consta o museu
Penava a tantos dias
No dia desse incêndio
Só tinha 4 vigias
Sem recurso ou condição
Pra sua manutenção
Tinha poucas garantias

Segundos os próprios bombeiros
Nem água tinha nos hidrantes
Tiveram de dessocorrer-se
De locais já mais distantes
Assim as chamas cresciam
E a tudo consumiam
Sempre mais abundantes

a hipocrisia reina solta
Quando vejo um miserável
Falar sobre o prejuízo
E dizer que é irreparável
Eu queria ver dizer
Ao menos reconhecer
Que também foi responsável

Assim a nossa história
A ciência e a educação
Sofreram mais um duro golpe
O qual sem reparação
Perdeu-se o nosso passado
Que jamais será vislumbrado
Pela próxima geração.


Wilton Silva

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