Pelo menos uma notícia boa
Entre tantas amargas feito fel
Nesse dia 19 de setembro
O IPHAN desempenhou seu papel
E em unanime, decisão final
Reconheceu o patrimônio nacional
Da nossa literatura de cordel
Lá no forte Copacabana
Que se deu a tal reunião
E lá foi batido o martelo
Dessa tão nobre decisão
E o nosso cordel querido
Foi enfim por eles reconhecido
Patrimônio cultural da nação
Para nós sempre foi um patrimônio
Um reflexo da nossa cultura
Tão perfeito e difícil de montar
Com severa e restrita estrutura
O jornal principal do meu sertão
Exclusivo de nossa região
Pra o caboclo a fonte mais segura
Leandro Gomes de Barros
Mestre Athayde e Patativa
E tantos outros ilustres
Dessa sina criativa
Não estão mais entre nós
Mas o cordel lhes da voz
Que continua sempre viva.
Um gênero literário
Um oficio em sua essência
Para muitos cordelistas
Fonte de subsistência
É marca do sertanejo
Pois seguiu o seu cortejo
E a sua persistência
A prova disso é que o cordel
está em todos os estados
Migrou com os retirantes
Seguiu com os flagelados
E das feiras, nos cordões
Passou para as exposições
Como um dos mais requisitados
Os temas do cordelista
Vem da sua experiência
Fala do seu cotidiano
Da arte e da ciência
das críticas sociais
aos fatos sobrenaturais
tudo com muita eloquência
Essa arte brasileira
não se tem comparação
Esse estilo cativante
que segue rígida instrução
com uma singular estética
em que cada silaba poética
tem que estar em posição
Ligado ao cordel está
a arte dos xilogravadores
folheteiros, desenhistas
e os poetas declamadores
que mantem com muita lua
essa nossa arte matuta
de tempos anteriores
Das cantorias nas feiras
ao espaço do mundo virtual
o cordel vai resistindo ao tempo
se moldando a o tempo atual
Essa arte que tem o meu apreço
há alguns séculos teve um começo
e tenho fé que está longe seu final
Wilton
Silva