quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Morte em Brumadinho (25/01/2019)






É triste se tornar repetitivo
Em narrar um assunto tão mesquinho
A algum tempo falei de Mariana
E o desastre que houve em seu caminho
Dessa vez a ambição, novamente
Mergulhou em um lameiro sem precedente
Agora a gente de Brumadinho.

Novamente a vale fez das suas
E com certo conchavo estadual
Ampliou barragens precariamente
Sem cuidado com o trato ambiental
A ganancia e o mau planejamento
Foram sementes de um novo acontecimento
Que manchou a história nacional

Em janeiro no dia 25
Na barragem do córrego Feijão
Ao romper-se a barragem, seus rejeitos
Foram de encontro a população
Que sem aviso sofreu o inevitável
Brumadinho teve dano incalculável
Gente morta jazida sob o chão

O Paraopebas foi pintado de lama
O que foi vila foi pintado de morte
A paisagem de embrulhar o coração
De abalar até quem se diz forte
180 sabemos que morreram
Mais de 130 desapareceram
Muito poucos tiveram mais sorte.

A calamidade vista mundialmente
Veio ajuda até de Israel
Infelizmente em meio a desolação
De um senário de buscas tão cruel
Só restava encontrar corpos desaparecidos
Entre tantos que ainda estão perdidos
Um consolo com um gosto de fel

Bombeiros demonstraram heroísmo
Voluntários arriscando a vida
Mergulhando em um mar de rejeitos
Pra ajudar gente até desconhecida
Da Cidade ficou só a lembrança
E o resgate exalava a esperança
Que de corpo em corpo acabava diminuída

Um ato banal em 2015
Partiu de um decreto presidencial
Que passou a ver rompimento de barragem
Como um desastre natural
O que afrouxa para o lado dos culpados
Que em juízo são criminalizados
Mas usam dessa brecha legal.

As famílias cobrando seus direitos
Pois perderam tudo, até seus parentes
Pressionam que a justiça   seja feita
Para esses executivos delinquentes
Que reparem e recebam punição
Já que jamais terá reparação
Pela vida de tantos inocentes

Multas milionárias, bloqueios e sansões
Investida a prender os responsáveis
Criminosos vestidos de empresários
De uma empresa das mais rentáveis.
Novamente chocam nosso país
Imprudentes, ardilosos e sutis
Deixam rastros de danos inapagáveis.

Fábio Schavartsman presidente da Vale
Chama a empresa de “Joia brasileira”
Disse que mesmo tendo sido uma tragédia
O que ocorreu com a cidade Mineira
A Vale não pode ser indiciada
Nem merece ser no fim culpada
Por ninguém e de nenhuma maneira.

Anteontem completou um mês desse desastre
Que ceifou inocentes brasileiros
Que novamente manchou a natureza
Que destruiu ecossistemas inteiros
Resta torcermos para não ver novamente
Essa corja se livrar impunemente
E novos desastres, tornarem-se corriqueiros.

Wilton Silva