segunda-feira, 19 de abril de 2021

A Cura das Eleições


 

A pandemia perdeu a sua força

O corona parece uma ilusão

E a cura não foi uma vacina

Um remédio ou mesmo a exposição

Foi só mente o período eleitoral

Que pelo visto imunizou geral

E liberou toda aglomeração

 

Esqueceram o cuidado com idoso

E de grupo de risco não se fala

Acabou os dizeres, fique em casa

Álcool em gel e mascara vão pra mala

Agora o que reina são os festejos

Candidatos e seus grandes cortejos

O cuidado, rebolaram na vala

 

Agora é corrida eleitoral

Pandemia deixem mais para a frente

Reuniões agora são liberadas

O placebo é bem eficiente

É visita abraço e acolhida

 Preocupar-se com preservar a vida

 Quase que nem se fala atualmente.

 

As escolas que são o grande foco

Todo o resto parece que tá bem

Já não falam tanto sobre contágios

Será que já não morre mais ninguém?

Afinal entre gritos e bandeiras

Escancarou-se em meio a brincadeiras

O completo sentimento de desdém.

 

Antonio Wilton da Silva

 


segunda-feira, 23 de março de 2020

Em tempos de Quarentena # Coronavírus





É chamado Covid 19
Um viral que veio do oriente
Se espalhou feito fogo em capim
Já contaminou um montão de gente
Na Itália teve efeitos gravosos
O país que é quase só idosos
Vai caindo sem forças, de doente

Já se sabe o que é, de onde veio
Já se sabe como é dispersado
Já sabemos como identificá-lo
Mas não tem como o vírus ser tratado
Por enquanto só resta se isolar
Proteger, separar, higienizar
E ficar cada um no seu quadrado.

Para uma tremenda maioria
O corona é assintomático
Se passa por um simples resfriado
Mal tem forças pra te deixar apático
Porem para os grupos vulneráveis
Seus efeitos são bem desagradáveis
Sobre isso preciso ser enfático.

Os idosos e grupos vulneráveis
Diabéticos ou com insuficiência
São aqueles mais prejudicados
Se o resto não tiver consciência
Que isolar-se é de suma importância
Pois se agirem com ignorância
Serão eles a sofrer a consequência

Um país amoroso como o nosso
Pra largar nosso caloroso abraço
O carinho, o beijinho, uma visita
O tocar que aperta nosso laço
A princípio parece tão difícil
Mas ou fazemos esse sacrifício
Ou sera grande o estardalhaço.

O país de repente está parado
O seu povo está de quarentena
Nem show, nem a culto, nem a festa
Nem parque, nem mesmo há novena
As escolas e universidades
Grandes centros das grandes cidades
Estão numa calmaria nada amena.

As estradas e vias são fechadas
 instaurado o toque de recolher
Não se pode ficar aglomerado
Dos eventos é preciso se abster
Achatar a curva da infecção
É tarefa de cada cidadão
É parar, é orar, e é torcer

Do contrário veremos um inferno
Poucos leitos pra tantos caídos
A falta de cuidado é ingrediente
Pra gerar milhões de convalescidos
É preciso uma simples atitude
Para garantir que o sistema de saúde
Não acabe empilhando falecidos

Não é tentando causar temor
É pedindo cautela por quem ama
Fique em casa pelo tempo que for
Não se importe com aquele que reclama
Esse tempo difícil vai passar
E quando tudo enfim se acalmar
Poderá fazer tudo o que lhe inflama

Os dias que virão serão difíceis
O pico será no mês de abril
Novos casos virão isso é certo
A contenção é pra tê-los no funil
Então abuse do sabão e álcool em gel
Fique em casa e faça o seu papel
Pelos seus e também pelo Brasil

Antonio Wilton da Silva

quarta-feira, 6 de março de 2019

05 de 03 de 2019. 110 anos de Patativa do Assaré



Ontem foi o aniversário
Do ilustre nascimento
Do poeta do Assaré
Que pra nós é grande alento
110 anos já faz
Patativa está na paz
Mas vive no pensamento

Reside no pensamento
Na arte que ele plantou
Na Serra que ele viveu
Na família que deixou
No legado em poesia
Que o mundo prestigia
E o sertão consagrou

Patativa ainda vive
Nas estrofes do cordel
Em cada rima em repente
Rabiscado no papel
Vive na dura peleja
Dessa gente sertaneja
Que vive a olhar pra o Céu

Vive ainda Patativa
No encanto do seu legado
Na rima que contagia
E inspira mais um bocado
Vive nessa juventude
Que carrega a atitude
De lutar contra o errado

Sua infinidade de versos
Viverão bem mais que nós
A lira patativana
Nascida da sua voz
Estará futuramente
Cativando muita Gente
Ele nunca nos deixou sós.


Wilton Silva

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Morte em Brumadinho (25/01/2019)






É triste se tornar repetitivo
Em narrar um assunto tão mesquinho
A algum tempo falei de Mariana
E o desastre que houve em seu caminho
Dessa vez a ambição, novamente
Mergulhou em um lameiro sem precedente
Agora a gente de Brumadinho.

Novamente a vale fez das suas
E com certo conchavo estadual
Ampliou barragens precariamente
Sem cuidado com o trato ambiental
A ganancia e o mau planejamento
Foram sementes de um novo acontecimento
Que manchou a história nacional

Em janeiro no dia 25
Na barragem do córrego Feijão
Ao romper-se a barragem, seus rejeitos
Foram de encontro a população
Que sem aviso sofreu o inevitável
Brumadinho teve dano incalculável
Gente morta jazida sob o chão

O Paraopebas foi pintado de lama
O que foi vila foi pintado de morte
A paisagem de embrulhar o coração
De abalar até quem se diz forte
180 sabemos que morreram
Mais de 130 desapareceram
Muito poucos tiveram mais sorte.

A calamidade vista mundialmente
Veio ajuda até de Israel
Infelizmente em meio a desolação
De um senário de buscas tão cruel
Só restava encontrar corpos desaparecidos
Entre tantos que ainda estão perdidos
Um consolo com um gosto de fel

Bombeiros demonstraram heroísmo
Voluntários arriscando a vida
Mergulhando em um mar de rejeitos
Pra ajudar gente até desconhecida
Da Cidade ficou só a lembrança
E o resgate exalava a esperança
Que de corpo em corpo acabava diminuída

Um ato banal em 2015
Partiu de um decreto presidencial
Que passou a ver rompimento de barragem
Como um desastre natural
O que afrouxa para o lado dos culpados
Que em juízo são criminalizados
Mas usam dessa brecha legal.

As famílias cobrando seus direitos
Pois perderam tudo, até seus parentes
Pressionam que a justiça   seja feita
Para esses executivos delinquentes
Que reparem e recebam punição
Já que jamais terá reparação
Pela vida de tantos inocentes

Multas milionárias, bloqueios e sansões
Investida a prender os responsáveis
Criminosos vestidos de empresários
De uma empresa das mais rentáveis.
Novamente chocam nosso país
Imprudentes, ardilosos e sutis
Deixam rastros de danos inapagáveis.

Fábio Schavartsman presidente da Vale
Chama a empresa de “Joia brasileira”
Disse que mesmo tendo sido uma tragédia
O que ocorreu com a cidade Mineira
A Vale não pode ser indiciada
Nem merece ser no fim culpada
Por ninguém e de nenhuma maneira.

Anteontem completou um mês desse desastre
Que ceifou inocentes brasileiros
Que novamente manchou a natureza
Que destruiu ecossistemas inteiros
Resta torcermos para não ver novamente
Essa corja se livrar impunemente
E novos desastres, tornarem-se corriqueiros.

Wilton Silva

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Literatura de Cordel ganha título de Patrimônio Cultural Brasileiro (19-09-2018)


Pelo menos uma notícia boa
Entre tantas amargas feito fel
Nesse dia 19 de setembro
O IPHAN desempenhou seu papel
E em unanime, decisão final
Reconheceu o patrimônio nacional
Da nossa literatura de cordel

Lá no forte Copacabana
Que se deu a tal reunião
E lá foi batido o martelo
Dessa tão nobre decisão
E o nosso cordel querido
Foi enfim por eles reconhecido
Patrimônio cultural da nação

Para nós sempre foi um patrimônio
Um reflexo da nossa cultura
Tão perfeito e difícil de montar
Com severa e restrita estrutura
O jornal principal do meu sertão
Exclusivo de nossa região
Pra o caboclo a fonte mais segura

Leandro Gomes de Barros
Mestre Athayde e Patativa
E tantos outros ilustres
Dessa sina criativa
Não estão mais entre nós
Mas o cordel lhes da voz
Que continua sempre viva.

Um gênero literário
Um oficio em sua essência
Para muitos cordelistas
Fonte de subsistência
É marca do sertanejo
Pois seguiu o seu cortejo
E a sua persistência

A prova disso é que o cordel
está em todos os estados
Migrou com os retirantes
Seguiu com os flagelados
E das feiras, nos cordões
Passou para as exposições
Como um dos mais requisitados

Os temas do cordelista
Vem da sua experiência
Fala   do seu cotidiano
Da arte e da ciência
das críticas sociais
aos fatos sobrenaturais
tudo com muita eloquência

Essa arte brasileira
não se tem comparação
Esse estilo cativante
que segue rígida instrução
com uma singular estética
em que cada silaba poética
tem que estar em posição

Ligado ao cordel está
a arte dos xilogravadores
folheteiros, desenhistas
e os poetas declamadores
que mantem com muita lua
essa nossa arte matuta
de tempos anteriores

Das cantorias nas feiras
ao espaço do mundo virtual
o cordel vai resistindo ao tempo
se moldando a o tempo atual
Essa arte que tem o meu apreço
há alguns séculos teve um começo
e tenho fé que está longe seu final


Wilton Silva


sábado, 8 de setembro de 2018

Ataque a democracia (06-09-2018)













Hoje quero falar de outro tema
Peço compreensão de vocês
Não estou fazendo politicagem
E explico, em claro português
Pois o atentado contra um presidenciável
Não me permite um verso mais cortês.

Na história recente do Brasil
Nunca vi algo tão inconcebível
A tentativa de calar um candidato
É um gesto tremendo, é horrível
Pois se estamos em uma democracia
Algo assim é se quer compreensível

Um idoso de 63 anos
Apunhalado em frente a multidão
Que a mesma mesmo exacerbara
Irritada e em grande comoção
Capturou o sujeito agressor
Fez o certo   e o levou para prisão

Mas então veio a repercussão
De milhares de seus apoiadores
Parabenizando pela agressão
Muitos deles até são professores
Torcendo pela morte do agredido
E conclamando pra vir mais agressores.

Vi o cumulo de gente “de bem”
A dizer que aquilo foi forjado
Que hemorragia interna é pra fora
Que foi golpe contra o eleitorado
Que foi plano do próprio candidato
Ir quase morto, para ser operado.

Quem diz que a vítima nunca tem culpa
Mudou discurso e disse: Ele mereceu
Quem defende amor e pacifismo
Se lamenta por que não faleceu
De ameaças veladas a explicitas
Todo o espaço virtual se encheu.

Independente de quem seja o candidato
Seu discurso ou a sua conduta
Não se pode tolerar tal atitude
Como meio de se resolver a disputa
Nós estamos em uma democracia
Liberdade é palavra que a ela imputa.

É um homem, um pai e um marido
Tem família e muitos a seu lado
Defender que merece ser agredido
Que precisa ser assassinado
É mostrar o pior mau-caratismo
Que se quer pode ser imaginado

Tal pensamento tenho por qualquer um
Todos eles merecem total respeito
Cada um representa uma parcela
Desse imenso estado de direito
Não entendo como existe ser humano
Que vê isso, sorri e diz: Bem feito.

 Wilton Silva