É triste se tornar
repetitivo
Em narrar um
assunto tão mesquinho
A algum tempo
falei de Mariana
E o desastre que houve
em seu caminho
Dessa vez a ambição,
novamente
Mergulhou em um
lameiro sem precedente
Agora a gente de Brumadinho.
Novamente a vale
fez das suas
E com certo
conchavo estadual
Ampliou barragens
precariamente
Sem cuidado com o
trato ambiental
A ganancia e o mau
planejamento
Foram sementes de
um novo acontecimento
Que manchou a história
nacional
Em janeiro no dia
25
Na barragem do córrego
Feijão
Ao romper-se a
barragem, seus rejeitos
Foram de encontro
a população
Que sem aviso
sofreu o inevitável
Brumadinho teve
dano incalculável
Gente morta jazida
sob o chão
O Paraopebas foi
pintado de lama
O que foi vila foi
pintado de morte
A paisagem de
embrulhar o coração
De abalar até quem
se diz forte
180 sabemos que
morreram
Mais de 130 desapareceram
Muito poucos tiveram
mais sorte.
A calamidade vista
mundialmente
Veio ajuda até de
Israel
Infelizmente em meio
a desolação
De um senário de
buscas tão cruel
Só restava
encontrar corpos desaparecidos
Entre tantos que
ainda estão perdidos
Um consolo com um gosto
de fel
Bombeiros demonstraram
heroísmo
Voluntários arriscando
a vida
Mergulhando em um mar
de rejeitos
Pra ajudar gente
até desconhecida
Da Cidade ficou só
a lembrança
E o resgate exalava
a esperança
Que de corpo em
corpo acabava diminuída
Um ato banal em
2015
Partiu de um
decreto presidencial
Que passou a ver rompimento
de barragem
Como um desastre natural
O que afrouxa para
o lado dos culpados
Que em juízo são criminalizados
Mas usam dessa
brecha legal.
As famílias cobrando
seus direitos
Pois perderam tudo, até seus parentes
Pressionam que a
justiça seja feita
Para esses
executivos delinquentes
Que reparem e
recebam punição
Já que jamais terá
reparação
Pela vida de
tantos inocentes
Multas milionárias,
bloqueios e sansões
Investida a
prender os responsáveis
Criminosos vestidos
de empresários
De uma empresa das
mais rentáveis.
Novamente chocam
nosso país
Imprudentes, ardilosos
e sutis
Deixam rastros de
danos inapagáveis.
Fábio Schavartsman
presidente da Vale
Chama a empresa de
“Joia brasileira”
Disse que mesmo
tendo sido uma tragédia
O que ocorreu com
a cidade Mineira
A Vale não pode
ser indiciada
Nem merece ser no
fim culpada
Por ninguém e de
nenhuma maneira.
Anteontem
completou um mês desse desastre
Que ceifou
inocentes brasileiros
Que novamente
manchou a natureza
Que destruiu
ecossistemas inteiros
Resta torcermos
para não ver novamente
Essa corja se
livrar impunemente
E novos desastres,
tornarem-se corriqueiros.
Wilton Silva